VELÓRIO FELIZ

 

                           Velório feliz
                  

 “Que absurdo dizer que algum velório é feliz”! Se essa for sua reação, lhe darei toda a razão: nenhuma morte é coisa agradável ou feliz. Ela é intrusa no plano inicial de Deus: vida eterna e perfeita pra todos humanos. Toda separação é dolorosa, provoca lágrimas como as minhas ao saber da morte de minha sogra Julieta Santana na sexta-feira 20 de novembro, em Aracaju, Sergipe.

Mas Dona Julieta teve um velório feliz, esta palavra significa “bem-aventurada”, a mesma de Mateus 5. Ela foi fiel a Jesus desde jovem até falecer com 93 anos. Não foi internada em asilo mas cuidada carinhosamente pelas filhas e filhos. Esta bem-aventurada desejou e Deus lhe atendeu até em seus momentos finais: ela não queria morrer em hospital, morreu em casa; não queria adoecer de Alzheimer e nem a Covid-19 a atingiu! Queria ser velada no santo dia do Senhor, e isso ocorreu no sábado, 21 de novembro, na igreja que mais ela frequentou.

Sua filha Elenade, minha esposa, desejava ir ao funeral da mãe. Tive muitas dificuldades de obter passagem, via online, em última hora e nesta época com vôos superlotados para o Nordeste. Mas Deus abençoou e conseguimos, em tempo, a única vaga pela Gol. 

Com raras exceções, como no meu caso, todos seus filhos, parentes e amigos a visitaram na Igreja Adventista de João Alves, bairro de Nossa Senhora do Socorro, na grande Aracaju. Uma multidão de amigos e irmãos de fé compareceram. O que mostra o quão querida era e influenciou positivamente a vida de muita gente. Era conhecida carinhosamente como "Canarinho do Sertão" pois gostava de cantar, coisa que fez até idade avançada, com invejável memória das canções. E a primeira homenagem pós-morte foi em forma de canção! Outros pediram permissão para homenagear de seu jeito, cantando, etc, e preencheram toda a programação do velório. Isso desobrigou a caçula Verbenia de providenciar alguma programação, visto ela não estar em condições emocionais de fazê-lo. (No passado, Verbenia cuidou de muitos detalhes da programação do aniversário de 88 anos de sua mãe, inclusive com minha colaboração em produção de fotos, convites e vídeos para o culto respectivo na mesma igreja de João Alves. Mas agora a situação era outra). 

Elenade testemunhou tudo isso. E percebeu a expressão facial serena de sua mãe no bonito caixão providenciado. Este foi outro fato favorável nesta época de pandemia de Covid-19 que obriga muitos caixões a serem completamente lacrados e até mesmo impedidos de serem visitados. Ela morreu de velhice e pode ser exposta sem impedimento, para o último encontro de todos os que a amavam. 

O velório transcorreu em clima sereno pois os visitantes tem a mesma consciência de Julieta, creem que esta morte é um breve sono Eclesiastes 9:5 e 6 até a volta de Jesus quando poderão abraçá-la jovem, linda e habilitada para vida eterna feliz com o Salvador e todos seus queridos salvos. A tumba  foi localizada em local novo isento de maus odores tão comuns aos  cemitérios. 

Deus Criador declara, a respeito da morte de seus filhos, os destinados à vida eterna como Julieta Santana: “Preciosa é à vista do Senhor a morte dos seus santos”. Salmos 116:15  Pois é só um “até logo”.

Por estas e outras razões, ouso atribuir a esse evento o título de “Velório feliz”. A neta mais velha de Dona Julieta, Alexsandra, dá algum subsídio a mais, veja no Face dela: FacesobreTieta 

Luiz Kazuo Komoda, é designer, fotógrafo, cronista e adventista do sétimo dia, que desde 1991 escreveu crônicas para o jornal diário O Imparcial 

 www.komoda.com.br.

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